4º DOMINGO DA PÁSCOA | Reflexão

 

4º DOMINGO DA PÁSCOA | Ano C

At 13,14.43-52 | Sl 99(100),2.3.5 (R. 3ac) | Ap 7,9.14b-17 | Jo 10,27-30

 

Chegamos ao chamado “Domingo do Bom Pastor”. Para o evangelista João, é Jesus quem cumpre definitivamente a profecia de um Verdadeiro, Bom e Eterno Pastor. No entanto, há um contexto para se compreender as razões pelas quais Jesus utiliza-se deste título.

Já no Antigo Testamento as imagens de “pastor” e “rebanho” estão presentes, sobretudo na profecia de Ezequiel. Na cultura do tempo de Jesus, uma sociedade majoritariamente agrária, era comum ver os pastores que guiavam as suas ovelhas às pastagens e às águas, já que elas, por instinto, são animais frágeis e dependentes. O pastor também defendia as ovelhas de ladrões, lobos e outros perigos, e por isso mesmo, o vínculo entre o pastor e seu rebanho era pessoal e afetuoso, de modo que o pastor dava nomes às ovelhas e elas reconheciam sua voz. Portanto, quando Jesus se apresenta como o Bom Pastor, ele está usando uma imagem muito conhecida e significativa para seus ouvintes e, ao mesmo tempo, está revelando a sua missão.

Talvez para nós, homens e mulheres do século XXI, o termo “pastor” não faça muito sentido, pois já vivemos em uma sociedade urbanizada e tecnológica. Contudo, todos nós temos nossos heróis, mestres, youtubers, modelos, jogadores de futebol, etc... Ou seja, sempre há uma figura que se torna referência para seguirmos. O perigo é que essas referências podem, em algum momento, nos decepcionar; é como diz um antigo ditado: “se você admira uma pessoa, não a conheça”. Então, quem realmente merece a nossa confiança? Um só: Jesus Cristo, porque somente ele é o BOM PASTOR.

Jesus, o Bom Pastor conhece as suas ovelhas (Jo 10,27): os famosos que admiramos não nos conhecem, mas Cristo sim: ele é o Cordeiro imolado, como ouvimos na segunda leitura, mas que se faz Pastor amoroso, como ouvimos no evangelho. Em outras palavras, Cristo compreende nosso sofrimento porque passou por ele. Ele se compadece da nossa dor; ele nos conhece por inteiro e ainda assim não nos abandona.

Jesus, o Bom Pastor, dá a vida eterna (Jo 10,28): ele não é um pastor que abandona, mas aquele que dá a vida por suas ovelhas, afinal de contas, se doou por inteiro na cruz. Ele não promete coisas passageiras, mas a garantia de felicidade plena e terna, isto é, o céu.

O fato é que já sabemos que ele conhece suas ovelhas. No entanto, a questão é: o que nos torna parte do rebanho de Jesus? Fazem parte do rebanho de Jesus aqueles que escutam a sua voz e o seguem! Ora, o verbo “escutar” não implica apenas o “ouvir com os ouvidos”, mas indica acolher e guardar no coração as propostas que Jesus fez e faz. É preciso “escutar com o coração”, isto é, de modo afetivo e efetivo.

Também o verbo “seguir” implica em assumir o estilo de vida de Jesus, ou seja, tornar-se verdadeiramente discípulo; é compromisso e atitude. E o modo de seguimento desse Bom Pastor é pela sua voz. Nesse sentido, precisamos saber distinguir a sua voz de tantas outras vozes que são presentes em nossa vida: vozes de egoísmo, da injustiça, do ódio e do rancor não condizem com a voz do Bom Pastor. Olhemos para nossas atitudes, gestos e palavras: quais vozes temos ouvido e quais vozes temos proferido? A liturgia de hoje, portanto, nos convida, em clima pascal, a depositar a nossa confiança nele, pois, não é simplesmente mais um pastor, dentre tantos, mas ele é o único Bom, Eterno e Verdadeiro Pastor.

Enfim, todos nós participamos do pastoreio de Jesus, isto é, em Cristo, nos tornamos cuidadores uns dos outros. Sendo assim, de modo particular neste domingo, recordamos o “dia das mães”, dia de memorar esta belíssima vocação de pastoreio materno! São as mães que exercem o papel de pastoras para a casa, para a família, para os filhos. Elevemos a Deus uma prece especial para as mães vivas e falecidas, mas, sobretudo, saibamos valorizá-las não somente neste dia, mas todo e cada dia de nossa existência.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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