5º DOMINGO DA PÁSCOA | Reflexão

 

5º DOMINGO DA PÁSCOA | Ano C

At 14,21b-27 | Sl 144(145),8-9.10-11.12-13ab (R. cf. 1) | Ap 21,1-5ª | Jo 13,31-33a.34-35

 

Amados irmãos e irmãs, sabemos que fé pascal gera, no mundo, a Igreja. E hoje, nós somos esta Igreja de Jesus Cristo! Por isso, é importante que nos mantenhamos conscientes da nossa missão. Em outras palavras, qual a missão fundamental da Igreja no mundo? A liturgia de hoje nos responde: somos chamados a ser sinal vivo do amor de Deus.

O Evangelho apresenta o fundamento missional deixado por Jesus Cristo, isto é, o novo mandamento: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34). Não que amar seja algo novo no tempo de Jesus. O amor sempre existiu. A questão é o critério desse amor que ganha um novo sentido: “a medida do amor é amar sem medidas”, dizia Santo Agostinho. Sendo assim, o critério para o novo mandamento do amor é o próprio Jesus Cristo. Ele nos ordena a amar “como ele nos amou”. Esta é a exigência!

No contexto deste trecho do Evangelho, Jesus tinha acabado de lavar os pés dos discípulos, inclusive os de Judas, o traidor; e, depois da saída de Judas, Jesus fala em “glorificação”. Ora, este é o paradoxo do amor divino: a glória de Deus se revela na humildade, no serviço e na entrega por amor. Trata-se de uma entrega que alcança até quem trai e quem erra, ou seja, o amor apresentado por Jesus é libertador e transformador.

É diferente do que vemos hoje, num contexto em que a palavra “amor” está bastante presente nas músicas, nos filmes, nas redes sociais, etc... No entanto, de um modo equivocado, tantas vezes. O amor que, frequentemente, ouvimos por aí se resume a meros sentimentos, interesses ou aparência. Jesus ensina o contrário: um amor de entrega, doação e transformação. Nesse sentido, existe uma frase atribuída ao Papa Francisco como síntese da sua encíclica chamada “Lumen fidei” que diz: “quem é da luz não mostra a sua religião, mas sim o seu amor”.

Jesus ainda completa: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,35), ou seja, não é porque carregamos um crucifixo no peito, ou uma camiseta de santo que já somos pertencentes ao grupo de discípulos. Isto tudo ajuda e identifica, é verdade. Mas o que realmente nos identifica como cristão é o amor com que amamos uns aos outros: o amor é, portanto, o sinal visível da fé pascal cristã. Tanto é verdade que o verbo “amar” empregado neste trecho bíblico é o “agapáo”, isto é, o amor-doação, sem esperar nada em troca; indica o amor puro e divino.

Na segunda leitura, João tem a visão de “um novo céu e uma nova terra”, onde Deus “enxugará toda lágrima dos seus olhos” (Ap 21,4). Esse novo céu começa a ser construído aqui e agora, toda vez que vivemos o amor como Jesus nos ensinou. O Reino de Deus acontece onde há reconciliação, justiça, partilha e cuidado com os irmãos, sobretudo os mais pobres e necessitados.

É claro que não é tão fácil assim amar nos critérios de Jesus. Começar no aqui e agora este Reino Definitivo é exigente. Contudo, olhemos para a comunidade dos primeiros cristãos, nos Atos dos Apóstolos. Foram várias as cidades da Ásia Menor que Paulo e Barnabé passaram anunciando a Boa Nova de Jesus. O intuito era encorajar os cristãos a permanecerem na fé, pois, “é preciso passar por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (At 14,22). É preciso de coragem para viver esse amor exigente proposto por Jesus. Afinal de contas, o sofrimento por amar não é em vão, mas é fruto da fidelidade ao Evangelho.

Enfim, que sejamos verdadeiros cristãos cuja fé esteja alicerçada no amor de Cristo Ressuscitado: um amor que sempre gera vida nova, vida abundante e vida plena. Sejamos capazes de transformar tudo aquilo que é ódio e rancor em entrega e doação sinceras, a fim de que construamos, juntos, este Reino de Deus, que começa aqui e agora.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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