6º DOMINGO DA PÁSCOA | Ano C
At 15,1-2.22-29 | Sl 66(67),2-3.5.6 e 8 (R. 4) | Ap
21,10-14.22-23 | Jo 14,23-29
Queridos irmãos e
irmãs, o nosso maior perigo hoje é desacreditar no amor de Deus. Na primeira
dificuldade nós, facilmente, somos tentados a questionar a bondade divina em
nossa vida: “Por que comigo? Por que Deus permitiu isso ou aquilo?”.
A vida dos apóstolos
foi cheia de desafios desde o início também. A primeira grande discussão, que
chamamos de “Concílio de Jerusalém” foi descrita na primeira leitura, ocasião
na qual, eles precisaram, reunidos, decidir sobre uma norma: os cristãos
convertidos do paganismo, deveriam, antes se submeter à lei de Moises (como,
por exemplo, passar pela circuncisão) ou poderiam ser cristãos diretamente? Era
uma questão que dividia o povo.
No entanto, com o
discernimento do Espírito Santo (At 15,28: “decidimos, o Espírito Santo e nós”)
eles chegam à conclusão. Aqui está o modelo de Igreja guiada pelo Espírito: não
autoritária, mas sinodal, isto é, que discerne em comunhão. Também hoje a
Igreja é chamada a ouvir o Espírito, especialmente em tempos desafiadores. Em
nossos grupos de pastorais e movimentos, urge que, diante de todos os desafios,
busquemos a luz do Espírito Santo de Deus.
O problema é que nos
esquecemos de contar com a ajuda do Espírito Santo quanto precisamos tomar
decisões importantes. Diante dos problemas: mais oração e menos histeria! É o
que ensina Santo Inácio de Loyola no seu processo de discernimento espiritual.
Para ele, nas situações boas ou ruins da vida não se deve tomar decisões
precipitadas, pois, quando agimos pela emoção exagerada, não agimos conforme o
desejo de Deus e sim conforme os nossos afetos desordenados.
O Evangelho desta
liturgia se insere no contexto da despedida de Jesus. Interessante perceber que
se trata de uma promessa: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.
Vou, mas voltarei a vós” (Jo 14,27-28). Ora, quem ama, guarda a palavra do
amado (Jo 14,23), é o que Jesus diz. E sua palavra é esta: de esperança, de
ânimo e de presença em nossa vida. Deus não nos abandona nunca, e por isso não
devemos nos perturbar nem intimidar o coração. Para isso, ele nos envia o
Espírito Santo, e, este é o ponto central da nossa reflexão. A liturgia de hoje
já nos aponta para o que celebraremos em Pentecostes: a certeza de que o
Espírito Santo nos anima e fortalece na caminhada cristã é a convicção que
precisamos para superar os desafios.
O Espírito Santo é o
paráclito (Jo 14,26): a palavra grega “paráklêtos”,
aqui utilizada, pode traduzir-se como advogado, auxiliador, consolador,
intercessor ou defensor. Em tempos de dúvida, confusão ou perseguição, o
Espírito é sempre o guia; é o nosso GPS para o Pai.
O Espírito Santo “vos
ensinará e vos recordará” (Jo 14,26): somente inundados pelo Espírito é que
podemos aprender os ensinamentos de Jesus, do mesmo modo que, é ele quem nos
faz recordar todas as promessas de Cristo e confiar nelas. Essa dupla função do
Paráclito elencada por Jesus é a garantia de uma presença divina contínua e
necessária em nossa vida. Por isso, mais uma vez, recordemos a promessa: “Não
se perturbe nem se intimide o vosso coração. Vou, mas voltarei a vós” (Jo
14,27-28).
Enfim, o Espírito Santo
nos deixa a paz (Jo 14,27). Lembremos do
primeiro discurso na eleição do Papa Leão XIV, em 08/05/2025: “Esta é a paz de
Cristo ressuscitado, uma paz desarmada, uma paz desarmadora, humilde e
perseverante, que provém de Deus. Deus que nos ama a todos, incondicionalmente.
[...] Deus nos quer bem, Deus nos ama a todos. O mal não prevalecerá. Estamos
todos nas mãos de Deus”. Chega de guerra e desamor, o Senhor nos convida a
viver em paz, porque o seu próprio Espírito que habita em nós é a fonte desta
paz.
Que nunca nos
esqueçamos que Deus habita a nossa vida, em todas as ocasiões. Peçamos sempre: Vinde,
Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do
vosso amor!
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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