Ascensão do Senhor | Reflexão

 

ASCENSÃO DO SENHOR, Solenidade | Ano C

At 1,1-11 | Sl 46(47),2-3.6-7.8-9 (R. 6) | Ef 1,17-23 | Lc 24,46-53

 

Hoje celebramos a solenidade da Ascensão do Senhor aos Céus, isto é, quarenta dias após a Sua ressurreição, Jesus é elevado de corpo e alma à glória de Deus Pai. Trata-se de um dogma que afirma a entrada definitiva da humanidade de Jesus na glória divina e, ao mesmo tempo, a esperança de uma segunda vinda. Assim, tanto o Evangelho quanto a primeira leitura desta liturgia não pretendem narrar detalhes de como se deu o evento da Ascensão, mas sim deixar claro que ele aconteceu de fato.

Este evento nos recorda da fé na vida eterna, pois, Jesus, ao ser elevado aos céus, nos prepara um lugar para que, um dia, também estejamos com Ele. Assim, nossa humanidade é elevada para os braços da eternidade. Em outras palavras, precisamos recordar que, embora os sofrimentos presentes pareçam ser eternos, não o são. A eternidade é Deus!

Porém, a Ascensão de Jesus não é um abandono. Tanto é verdade que ele diz, na primeira leitura: “Sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (At 1,8). Ora, Jesus volta para o Pai, mas a sua missão continua nas mãos da Igreja, ou seja, em nossas mãos. Esta solenidade é, pois, um convite para que todos nós sejamos continuadores da missão de Jesus Cristo neste mundo.

Enquanto os discípulos olham para o alto, procurando Jesus, dois homens vestidos de branco os advertem: “Por que estais olhando para o céu?” (At 1,11). Esta pergunta é também para nós: não podemos viver de braços cruzados, esperando que Deus faça tudo como num passe de mágica. A Ascensão nos chama a olhar para os irmãos com os olhos do céu, ou seja, a agir no mundo com o coração voltado para o alto. A fé cristã não é fuga do mundo, mas compromisso com ele, anunciando o Reino de Deus com palavras e gestos!

O compromisso de testemunhar este Senhor que eleva nossa humanidade agora é de todos nós, homens e mulheres do século XXI. Sendo assim, o convite desta liturgia não é a passividade, mas um convite à iniciativa cristã para amar e servir a Deus através dos irmãos.

A subida de Jesus aos Céus não é uma separação da realidade terrena, mas um modo novo de ser. E isto explica o porquê dos discípulos voltarem a Jerusalém com "grande alegria" (Lc 24, 52). Ascender aos Céus faz parte da experiência do Ressuscitado. Assim, com a paixão, morte, ressurreição e ascensão de Jesus, abrem-se as portas do céu e da vida eterna a todos nós.

Percebamos que a última imagem de Jesus é belíssima: ele abençoa os discípulos enquanto sobe ao céu. E os discípulos, po sua vez, voltam para Jerusalém com grande alegria (cf. Lc 24,52). Ora, mesmo ausente fisicamente, Jesus continua presente com sua bênção e com o dom do Espírito Santo, que virá em Pentecostes. A alegria dos discípulos nasce da certeza de que Cristo não está longe, e sim mais próximo do que nunca!

Do mesmo modo, o nosso testemunho neste mundo não pode ser de tristeza, mas sim de abundante alegria, porque o próprio Senhor nos abençoa e nos envia: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, 2013).

Portanto, que sejamos capazes de compreender esta solenidade como uma oportunidade de para reacender a nossa consciência de que Jesus eleva a nossa humanidade para a sua divindade, deixando-nos a missão de testemunhá-lo no mundo, com alegria: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti” (Santo Agostinho).

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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