PENTECOSTES | Reflexão

 

PENTECOSTES, Solenidade | Ano C

       At 2,1-11 | Sl 103(104),1ab.24ac.29bc-30.31.34 (R. cf. 30) | 1Cor 12,3b-7.12-13 | Jo 20,19-23

        

Amados irmãos e irmãs, que a paz esteja convosco! Com a Solenidade de Pentecostes, que celebramos neste fim de semana, concluímos o ciclo litúrgico da Páscoa. Ao longo desta semana fomos convidados a rezar, com a Igreja, pela unidade dos cristãos. Trata-se de um convite para cultivarmos três atitudes essenciais: oração, ecumenismo e diálogo. “A unidade é condição para a missão” (Papa Francisco), portanto, num mundo ferido por guerras, intolerância e exclusão, nós somos chamados a sermos testemunhas de reconciliação, pois, a divisão escandaliza e afasta, mas a unidade aproxima e atrai.

Nesta solenidade, recordamos que Deus derramou o seu Espírito sobre toda a humanidade. Pentecostes remete aos 50 dias depois da Páscoa, em que o Espírito Santo foi enviado no Cenáculo, em Jerusalém, sobre os Apóstolos e a Virgem Maria. A palavra “Pentecostes” deriva do grego pentēkostḗ, e significa “quinquagésimo”. Para os judeus, esta era uma celebração de agradecimento a Deus pela colheita realizada pelos judeus cinquenta dias após a Páscoa. A data também faz memória dos cinquenta dias depois do êxodo, em que os israelitas chegaram ao monte Sinai, onde Deus lhes deu a Lei por intermédio de Moisés e ordenou que observassem os seus mandamentos e comemorassem aquele dia também anualmente.

Contudo, a festa de Pentecostes, tal como celebramos hoje, significa a vinda Espírito Santo Paráclito que deu-nos uma nova lei; não mais escrita em tábuas de pedras, mas, em corações humanos: a lei suprema do AMOR. Desse modo, celebrar Pentecostes é celebrar a festa da presença do Espírito que nos anima e dá forças para seguir a vida mediante todos os problemas e tentações do inimigo.

Na primeira leitura ouvimos o modo que o Espírito veio, isto é, como um vento impetuoso e línguas de fogo. O vento não se vê, mas seus efeitos são sentidos. Assim é o Espírito Santo: invisível, mas poderoso. Ele não apenas preencheu o lugar onde estavam, mas encheu os corações dos discípulos e, desse modo, todos aqueles que antes estavam com medo, agora saem corajosamente para anunciar a Boa Nova. É o Espírito que transforma corações frágeis em testemunhas de Cristo!

Diante de tantos medos e angustias que carregamos no coração, deixemos o sopro do Espírito inundar e transformar. No Evangelho, vemos Jesus desejando a paz aos discípulos. Ora, a paz é dom do Espírito Santo! O sopro de Jesus remete ao sopro da criação, quando Deus insuflou vida no ser humano. Agora, Jesus sopra nova vida: é a criação da nova humanidade, nascida do Espírito. Jesus, ao enviar o Espírito Santo quer recriar a nossa frágil humanidade! Deixemo-nos ser transformados e recriados por ele.

Nesse sentido, Pentecostes é considerado o nascimento da Igreja missionária, impulsionada a evangelizar todas as nações. É verdade que o desejo de existir a Igreja sempre esteve no coração de Jesus, contudo, é no evento Pentecostes que seu caráter missionário é manifestado a todos. Desse modo, Pentecostes não é apenas um evento do passado, mas ele acontece hoje, aqui e agora: o Espírito continua a ser derramado sobre a Igreja e sobre cada um de nós.

Diferente de Babel, todos se entendiam em Pentecostes. O caráter missionário da Igreja revelado publicamente em Pentecostes consiste justamente nisto: nas diferenças, que todos saibam falar e compreender a mesma língua, isto é, a língua do amor: “Juntos reconstruiremos a credibilidade de uma Igreja ferida, enviada a uma humanidade ferida, dentro de uma criação ferida. Não somos ainda perfeitos, mas é necessário ser críveis” (Papa Leão XIV, na homilia de 31/05/2025).

Por isso, neste dia santo, abramos o coração ao Espírito Santo. Que Ele venha sobre nossas famílias, nossas comunidades, nossos trabalhos. Que Ele renove nossa fé, reacenda nosso zelo missionário e nos transforme em instrumentos de paz e reconciliação.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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