18º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C
Ecl 1,2.2,21-23 | Sl 89(90),3-4.5-6.12-13.14 e 17
(R. 1) | Cl 3,1-5.9-11 | Lc 12,13-21
No último dia 31 de
julho, celebramos a memória de Santo Inácio de Loyola. Este santo, em seus
Exercícios Espirituais, nos ensina o que é a “santa indiferença”. Não se trata
de apatia, frieza ou desinteresse pelas coisas, mas sim de uma liberdade
interior profunda que permite escolher aquilo que mais conduz ao serviço e à
glória de Deus, sem apegos desordenados. Em outras palavras, os bens, o
dinheiro ou as coisas não são bons ou maus em si mesmos; tornam-se bons ou maus
à medida que nos aproximam ou nos afastam de Deus. É, portanto, um discernimento
importante e necessário para todos nós.
Na primeira leitura, o
livro do Eclesiastes começa com uma frase bastante conhecida: “Vaidade das
vaidades, tudo é vaidade!” O autor sagrado nos alerta de que o acúmulo de bens,
o trabalho excessivo e a busca desenfreada por lucro não trazem a verdadeira felicidade.
Tudo isso passa, tudo isso é vaidade. Quantas pessoas vemos ao nosso redor
gastando muito tempo com trabalho, com acúmulo, e acabando por perder o
crescimento dos filhos? Esquecendo-se de Deus porque "não têm tempo"
para ir à Igreja? Descuidando da própria saúde? Tudo isso é vaidade das
vaidades; não é felicidade verdadeira! Tomemos cuidado.
Tudo o que é passageiro
não preenche o nosso coração, pois temos sede de eternidade. Somente o que é
eterno, isto é, o que vem de Deus, pode nos preencher e dar a verdadeira
felicidade. Por isso, no Evangelho, Jesus conta a parábola de um homem rico,
que teve uma colheita abundante e decidiu construir celeiros maiores para
guardar seus bens e então “descansar, comer, beber e aproveitar a vida”. Mas
Deus lhe diz: “Louco! Ainda nesta noite, tua vida será tirada de ti.”
Irmãos e irmãs, somos
verdadeiramente loucos quando deixamos a vida passar e percebemos que nos
apegamos a tantas coisas que não levaremos conosco. Se a única certeza que
temos é a da morte, não podemos tratar a vida de qualquer modo. Nesse sentido,
a liturgia nos orienta a discernir corretamente sobre o que deve ser prioridade
em nossa vida.
Perguntemo-nos: o que
temos valorizado mais em nossa existência? O que tem ocupado o centro do nosso
coração? Jesus é claro: “Não ajunteis tesouros para vós mesmos, mas sede ricos
diante de Deus!” (Lc 12,21). Ser rico diante de Deus é ter um coração generoso
e amoroso. É viver com fé e confiança. É repartir o pão e cultivar a humildade.
Portanto, ser rico diante de Deus é saber que a nossa verdadeira herança está
nele.
O orgulho e o acúmulo
desnecessário não nos levarão a lugar nenhum. Há, em nosso mundo, tantas
pessoas passando fome porque poucos possuem muito além do que precisam — e isso
é um pecado muito grave! Aquele homem, chamado de louco por Jesus, viveu como
se fosse eterno, como se tudo dependesse de si, esquecendo-se dos outros e de
Deus. Eis o mal do nosso tempo: achar que tudo depende apenas de nossas forças.
Verdadeiramente, é loucura viver sem Deus!
Enfim, São Paulo, na
segunda leitura, nos convida a renovar nossa mentalidade. Quem segue Cristo não
vive mais segundo os valores do mundo, mas busca o que vem do alto: a
misericórdia, a compaixão, a partilha, a justiça. Nisso consiste “revestir-se
do homem novo”: é um chamado à conversão pessoal e social, à transformação das
estruturas injustas e ao cuidado com os mais pobres.
Que saibamos discernir,
a partir da santa indiferença, que tudo o que temos é para melhor amar e servir
a Deus e aos irmãos.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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