23º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C
Este é o primeiro fim
de semana do mês de setembro. Trata-se de um mês bastante importante para o
âmbito eclesial e extra-eclesial: Dia da Amazônia (05), Independência do Brasil
(07), Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10), mês dedicado ao cuidado com a
saúde mental, e também dedicado ao estudo bíblico, por celebrar, liturgicamente,
o dia de São Jerônimo (31). Neste ano, por conta do contexto da celebração jubilar,
o lema bíblico meditado é: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Quem de nós, em alguma
situação da vida, já não se deparou com o fracasso? Algum projeto que não deu
certo ou alguma situação que fugiu do nosso controle? Pois bem. Sempre que nos
colocamos como autossuficientes a ponto de querer resolver tudo, fracassamos.
Nesse sentido, o livro da Sabedoria nos questiona: “Quem pode conhecer os
desígnios de Deus?” (Sb 9,13); e a resposta é: “Acaso alguém teria conhecido o
teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo
espírito?” (Sb 9,17). Em outras palavras, somente quando somos capazes de
reconhecer nossa fraqueza, abrimos espaço para que o Espírito possa agir em
nós. Ora, não nos salvamos por nossas próprias forças, mas pelo amor de Deus
que foi derramado em nossos corações (Rm 5,5).
Em nossa caminhada
cristã, somos chamados ao discipulado, isto é, a seguir os mesmos passos de
Jesus Cristo. Sendo assim, o Evangelho nos guia a mais um passo nessa direção.
Jesus diz: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser
meu discípulo” (Lc 14,27). Em momento nenhum ele quer que desprezemos a família
ou a vida (Lc 14,26), mas que nada esteja no lugar de Deus, afinal de contas, ser
discípulo é colocar Cristo no centro, é ter a coragem de desapegar-se, de
renunciar àquilo que nos prende e não nos deixa viver o amor de Deus em
plenitude.
“[...] não caminha
atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27). Não raras vezes, nos
colocamos à frente dele, e não como servos que somos, isto é, atrás. Para
sermos verdadeiramente discípulos, o Senhor nos pede para que carreguemos
nossas cruzes, mas sempre seguindo os seus passos.
Para isto é preciso
exercer a humildade que o próprio Jesus falava na liturgia de domingo passado. Hoje
ele usa a parábola de quem vai construir uma torre ou partir para a guerra: é
preciso pensar bem, medir as consequências. O seguimento de Jesus não é emoção
passageira, mas decisão madura, radical, de todos os dias. Ser uma pessoa de fé
hoje não é viver “emocionado”, como diríamos na linguagem popular. Mas é ver o
realismo da vida, isto é, reconhecer as cruzes, mas saber também que o Senhor
mesmo está à frente mostrando o caminho seguro. Portanto, a fé é adesão ao
projeto de Amor e Serviço ao Reino de Deus. Não podemos viver de qualquer jeito!
Esta fé, uma vez
acolhida e aderida profundamente, deve nos transformar. Vejamos o testemunho do
apóstolo São Paulo, na segunda leitura: ele intercede por Onésimo, escravo que,
agora, está convertido e batizado; por isso, deve ser visto como “irmão no
Senhor” (Fm 16). A fé em Cristo transfigura as nossas relações, de modo que
superemos barreiras de classe, status e poder a ponto de nos tratarmos todos
como irmãos no Senhor.
Enfim, a liturgia nos
provoca a rever prioridades, pois, vivemos em uma sociedade marcada pelo
excesso de opções e pela pressa, mas o Evangelho pede discernimento,
consciência e maturidade. Ser cristão não é aderir superficialmente a Jesus,
mas assumir uma vida transformada pela cruz, iluminada pela sabedoria de Deus e
marcada pela fraternidade.
Assim seja. Amém!
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