23º Domingo do Tempo Comum | Ano C

 

23º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C

 Sb 9,13-18 | Sl 89(90),3-4.5-6.12-13.14.17 (R. 1) | Fm 9b-10.12-17 | Lc 14,25-33

 

Este é o primeiro fim de semana do mês de setembro. Trata-se de um mês bastante importante para o âmbito eclesial e extra-eclesial: Dia da Amazônia (05), Independência do Brasil (07), Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10), mês dedicado ao cuidado com a saúde mental, e também dedicado ao estudo bíblico, por celebrar, liturgicamente, o dia de São Jerônimo (31). Neste ano, por conta do contexto da celebração jubilar, o lema bíblico meditado é: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).

Quem de nós, em alguma situação da vida, já não se deparou com o fracasso? Algum projeto que não deu certo ou alguma situação que fugiu do nosso controle? Pois bem. Sempre que nos colocamos como autossuficientes a ponto de querer resolver tudo, fracassamos. Nesse sentido, o livro da Sabedoria nos questiona: “Quem pode conhecer os desígnios de Deus?” (Sb 9,13); e a resposta é: “Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito?” (Sb 9,17). Em outras palavras, somente quando somos capazes de reconhecer nossa fraqueza, abrimos espaço para que o Espírito possa agir em nós. Ora, não nos salvamos por nossas próprias forças, mas pelo amor de Deus que foi derramado em nossos corações (Rm 5,5).

Em nossa caminhada cristã, somos chamados ao discipulado, isto é, a seguir os mesmos passos de Jesus Cristo. Sendo assim, o Evangelho nos guia a mais um passo nessa direção. Jesus diz: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27). Em momento nenhum ele quer que desprezemos a família ou a vida (Lc 14,26), mas que nada esteja no lugar de Deus, afinal de contas, ser discípulo é colocar Cristo no centro, é ter a coragem de desapegar-se, de renunciar àquilo que nos prende e não nos deixa viver o amor de Deus em plenitude.

“[...] não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27). Não raras vezes, nos colocamos à frente dele, e não como servos que somos, isto é, atrás. Para sermos verdadeiramente discípulos, o Senhor nos pede para que carreguemos nossas cruzes, mas sempre seguindo os seus passos.

Para isto é preciso exercer a humildade que o próprio Jesus falava na liturgia de domingo passado. Hoje ele usa a parábola de quem vai construir uma torre ou partir para a guerra: é preciso pensar bem, medir as consequências. O seguimento de Jesus não é emoção passageira, mas decisão madura, radical, de todos os dias. Ser uma pessoa de fé hoje não é viver “emocionado”, como diríamos na linguagem popular. Mas é ver o realismo da vida, isto é, reconhecer as cruzes, mas saber também que o Senhor mesmo está à frente mostrando o caminho seguro. Portanto, a fé é adesão ao projeto de Amor e Serviço ao Reino de Deus. Não podemos viver de qualquer jeito!

Esta fé, uma vez acolhida e aderida profundamente, deve nos transformar. Vejamos o testemunho do apóstolo São Paulo, na segunda leitura: ele intercede por Onésimo, escravo que, agora, está convertido e batizado; por isso, deve ser visto como “irmão no Senhor” (Fm 16). A fé em Cristo transfigura as nossas relações, de modo que superemos barreiras de classe, status e poder a ponto de nos tratarmos todos como irmãos no Senhor.

Enfim, a liturgia nos provoca a rever prioridades, pois, vivemos em uma sociedade marcada pelo excesso de opções e pela pressa, mas o Evangelho pede discernimento, consciência e maturidade. Ser cristão não é aderir superficialmente a Jesus, mas assumir uma vida transformada pela cruz, iluminada pela sabedoria de Deus e marcada pela fraternidade.

Assim seja. Amém!

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