25º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C
Am 8,4-7 | Sl
112(113),1-2.4-6.7-8 (R. 1a.7b) | 1Tm 2,1-8 | Lc 16,10-13
“Vós não podeis servir
a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13) é o ensinamento central de Jesus no Evangelho
desta liturgia. Ele não diz que é difícil, ou que é complicado, mas que é
impossível servir a dois senhores. Em outras palavras, não existe meio-termo:
ou Deus é o centro de nossa vida, ou outro “senhor” tomará esse lugar. É
preciso, no entanto, deixar claro uma coisa: o dinheiro em si não é mau. Ele é até
necessário para a vida, para o sustento da família, para as necessidades do dia
a dia. Todavia, quando ele se transforma em ídolo, quando passa a ocupar o centro
da nossa vida, se torna como um senhor que escraviza e divide o ser humano. Ou
seja, o apego à riqueza pode cegar, endurecer o coração e afastar de Deus.
Por outro lado, servir
a Deus é abrir-se à liberdade de filhos amados, isto é, confiar que tudo o que
temos é dom, é graça e, portanto, deve ser usado em favor da vida. Servir a
Deus significa viver a partilha, a solidariedade e a justiça, pois, enquanto o
dinheiro promete poder, Deus nos oferece amor; enquanto o dinheiro cria muros,
Deus constrói pontes; enquanto o dinheiro exclui, Deus acolhe a todos e cada
um.
Também é a advertência
do profeta Amós, na primeira leitura: ele viveu em um tempo de prosperidade
econômica no reino do Norte (Israel). No entanto, enquanto os grandes
comerciantes lucravam muito, havia pobres que caíam em dívidas a ponto de
perderem o acesso às coisas mais básicas para garantir a dignidade humana. Assim,
Amós denuncia o poder de alguns e a miséria de outros. Parece muito com a
sociedade em que vivemos: poucos gananciosos possuem muito, ao passo que
muitos, miseráveis, possuem nada. Mas o profeta nos enche de esperança quando
diz que Deus não esquecerá o que estes fizeram. Ora, não se trata de castigo
divino, mas justiça. Ainda que haja pessoas injustas nesta vida terrena, Deus,
no Reino celeste, é justo e conhece o coração de cada um. Isto deve nos
consolar. Por isso cantamos no salmo responsorial: “Louvai o Senhor que eleva
os pobres!”. Nós, cristãos, não podemos servir ao dinheiro, mas a Deus; e quem
serve a Deus ama os seus irmãos, não os explora! Isto precisa ficar claro.
Amados irmãos e irmãs,
o nosso maior risco é pensar que estamos distantes disso tudo e por isso
estamos isentos desta justiça de Deus. Poderíamos pensar: “eu não sou grande
comerciante”, “eu não sou político”, “eu não sou rico” etc. No entanto, Jesus
também diz para sermos fieis no pouco. Os pequenos gestos mostram muito mais de
nós do que achamos. É no cuidado com a palavra que falamos, na atenção com os
pobres, na paciência dentro de casa, na honestidade no trabalho e no zelo pela
oração de cada dia que vamos treinando o coração para o Reino de Deus. As
pequenas atitudes são como tijolos: sozinhos parecem frágeis, mas juntos
constroem uma casa sólida.
O Senhor nos chama a
olhar para a vida cotidiana com olhos de eternidade: o copo de água dado com
amor, o perdão concedido mesmo sem pedido, a palavra de incentivo oferecida a
quem está desanimado... tudo isso tem valor diante de Deus. Nada é pequeno
quando feito com amor e fidelidade.
O texto [mais breve] do
Evangelho de hoje está inserido no contexto dos ensinamentos de Jesus sobre a
boa administração dos bens. Para Lucas, a fidelidade não é apenas questão de
grandes gestos heroicos, mas começa no cotidiano, nas pequenas coisas. Sendo
assim, não se trata de um mero moralismo da parte de Jesus, mas um convite
profundo e verdadeiro para que assumamos o seu projeto de Amor de modo integral,
isto é, mesmo diante de uma sociedade marcada pelo consumismo, pela pressa e
pela tentação de medir a vida pelo “ter”, o Evangelho nos chama à sobriedade, à
autenticidade e à fidelidade: ser justo no trabalho, honesto nas relações,
generoso com os necessitados e livre diante do dinheiro; eis o nosso grande
desafio.
Que o Senhor nos ajude.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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