29º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C

Ex 17,8-13 | Sl 120(121),1-2.3-4.5-6.7-8 (R. cf. 2) | 2Tm 3,14-4,2 | Lc 18,1-8

 

A nossa sociedade vive agitada, cansada, estressada. Tudo isso nos dificulta a manter disciplina e constância na oração. Por vezes, quando tiramos um tempo para rezar, parece que muito facilmente nos distraímos. A liturgia deste domingo nos faz refletir justamente acerca da perseverança na oração.

Na primeira leitura, vemos Moisés em uma batalha simbólica: enquanto Josué combate contra os amalecitas, Moisés intercede no alto do monte, com as mãos erguidas. Enquanto suas mãos permanecem levantadas, Israel vence; quando se cansam e descem, o inimigo prevalece. É então que Aarão e Hur sustentam seus braços, e a vitória acontece. A posição de mãos estendidas, que não raras vezes fazemos no Pai-nosso é um gesto que indica perseverança, pois, a oração sempre foi, é e continuará sendo a força que sustenta o povo de Deus nas lutas da história. É por isso também que contamos com a oração uns dos outros, porque a comunidade apoia os irmãos na oração quando o cansaço chega. Portanto, como Moisés, precisamos de irmãos que sustentem nossas mãos quando o cansaço vem.

No Evangelho, Jesus conta a parábola da viúva persistente e do juiz injusto. A viúva representa todos nós, cristãos que, embora frágeis, somos confiantes a ponto de não desistir de pedir justiça. O juiz, por sua vez, simboliza o mundo indiferente ou mesmo o aparente silêncio de Deus. Ora, rezar é permanecer diante de Deus, mesmo quando o tempo da resposta parece tardar. Olhemos para a experiência de Santa Teresa de Jesus: para ela, rezar não é recitar fórmulas, mas cultivar amizade com Cristo. Ela dizia que “o essencial não é saber muito, mas amar muito”. Acontece que nesse bonito caminho de amizade com Deus, há também período de aridez. E, mais uma vez, ela ensina: “Importa muito, e o mais de tudo, uma grande e determinada determinação de nunca desistir de orar” (Caminho de Perfeição, 21,2).

Perseverar na oração é um ato de fé, tanto que o apóstolo, na segunda leitura, insiste que devemos proclamar com insistência “oportuna e inoportunamente” (2Tm 4,2). Sempre é tempo de rezar e anunciar! Sempre! Sempre!

A viúva da parábola busca justiça. E nós, o que buscamos, ou, o que pedimos em nossas orações? A oração aumenta a nossa responsabilidade diante da vida, pois, quando pedimos paz, o Senhor nos ajuda a promover a paz; quando pedimos pelos sofrimentos, ele nos impulsiona a ajudar quem sofre e etc. Sendo assim, rezar não significa “mandar” em Deus, mas reconhecer nossa limitação humana e, ao mesmo tempo, confiar na misericórdia divina. O modelo de oração é sempre aquele de Jesus no Getsêmani: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, ao seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42).

De fato, a parábola do Evangelho não que colocar Deus como um juiz injusto, mas, afirmar que ele não fica indiferente à nossa oração. Deus é justo e sabe o que é melhor para cada um de nós. Enfim, o verdadeiro discípulo é aquele que permanece com as mãos erguidas, sustentado pela Palavra e pela esperança que não decepciona (Rm 5,5). Que, quando o Filho do Homem vier, ele encontre em nós um povo de perseverante e sincera oração.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

Comentários