30º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C
Eclo 35,15b-17.20-22ª | Sl 33(34),2-3.17-18.19.23
(R. 7a.23a) | 2Tm 4,6-8.16-18 | Lc 18,9-14
Queridos irmãos e
irmãs, a liturgia da semana passada nos alertava sobre a importância de
perseverar na oração. No entanto, não basta que saibamos fórmulas ou textos
decorados para sermos salvos, mas antes, a nossa oração deve ser expressão de
uma profunda sinceridade de coração. Nesse sentido, a liturgia deste fim de
semana nos aponta para a coerência entre o que somos e o que fazemos.
Olhemos para a parábola
do Evangelho: há dois homens, um fariseu que reza de pé e usa muitas palavras;
e um publicano que nem ousa levantar os olhos ao céu. Este último, batendo no
peito, reconhece a própria miséria e pede piedade a Deus. Duas atitudes; duas
posturas...
Acontece que o fariseu
reza a Deus, mas olha para si mesmo. Embora esteja no templo, não sente a
necessidade de se prostrar diante da majestade de Deus, e por isso, está de pé,
sente-se seguro, como se fosse o dono do templo. Ora, a verdadeira oração nasce
da humildade, do reconhecimento de que tudo é graça. Deus escuta o coração que
se abre, não o que se exalta. Por isso que na primeira leitura o autor afirma
que “a prece do humilde atravessa as nuvens” (Eclo 35,21), pois, um coração
arrogante não é capaz de orar a Deus com sinceridade e verdade.
O apóstolo Paulo, na
segunda leitura, deixa seu testemunho espiritual a Timóteo. Depois de uma vida
inteira, ele faz um exame de consciência e pode aclamar a graça e a
misericórdia de Deus que agiu sempre em seu auxilio: “Combati o bom combate, completei
a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7). Paulo, que foi um fariseu orgulhoso, agora
sabe que a força não vem de si, mas daquele que o chamou (2Tm 4,17). Ele
aprendeu o que o publicano da parábola já sabia: sem a misericórdia de Deus,
nada podemos. Assim, o apóstolo nos ajuda a reconhecer que tudo o que
realizamos é graça de Deus.
Em nossa caminhada
cristã, a nossa vida tem feito sentido? Há alguma coisa que possamos mudar ou
acrescentar para sentirmos que a nossa vida está a valer à pena? São reflexões
que precisam ser feitas por nós, diante de Deus, com sinceridade e de coação
aberto. De nada adianta as belas palavras jogadas ao vento quanto elas não são
acompanhadas de sinceridade de coração.
No final do Evangelho,
Jesus diz que o publicano voltou para a casa justificado e o fariseu não (Lc
18,14). A palavra “justificado” pode ser sinônimo de perdoado ou salvo; e nos
conduz à teologia paulina sobre a justificação em que Deus, na sua infinita e
bondosa justiça, reconcilia o homem pecador, mesmo que este não tenha méritos
para tal. Em outras palavras, a justiça de Deus nos torna justos, isto é,
reconciliados. Sendo assim, não é pela Lei, mas pela graça de Deus que somos
salvos; não é pelo tanto que fazemos, mas pelo tanto que amamos uns aos outros
e nos reconhecemos necessitados do perdão e da paz que vem de Deus.
Enfim, “apresentando-se
«de mãos vazias», com o coração despojado e reconhecendo-se pecador, o
publicano mostra a todos nós a condição necessária para receber o perdão do
Senhor. No final é precisamente ele, tão desprezado, que se torna um ícone do
autêntico crente” (Papa Francisco,
Audiência Geral de 1° de Junho de 2016).
Que o Senhor nos ajude,
pela força da Eucaristia, ser impulsionados viver com coerência a fé e a vida,
de modo que saibamos rezar a partir da verdade do que somos, pois, “rezar é
abraçar a vida como ela é” (Dom José
Tolentino Mendonça).
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

Comentários
Postar um comentário