Nossa Senhora Aparecida | Reflexão

 

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA | Solenidade

Est 5,1b-2;7,2b-3 | Sl 44(45),11-12a.12b-13.14-15a.15b-16 (R. 11.12a) | Ap 12,1.5.13a.15-16a | Jo 2,1-11

Queridos irmãos e irmãs, celebramos neste fim de semana a Mãe e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida; sinal da ternura de Deus que se manifesta entre os pobres, simples e esquecidos. Como o povo de Israel teve Maria como “mulher revestida de sol” (Ap 12,1), também o povo brasileiro a reconheceu nas águas do rio Paraíba do Sul, uma pequena imagem negra, resgatada das profundezas, para ser sinal de unidade e esperança de uma nação.

Em 1717, três pescadores estavam já desanimados da pesca infrutuosa. Mas em determinado momento, ao lançar a rede, um deles pescou o corpo de uma pequena imagem; jogando a rede outra vez, encontrou a cabeça. A partir desse momento, os peixes começaram a aparecer em abundância. Este foi o primeiro milagre! Não simplesmente pela quantidade de peixes, mas, sobretudo, por devolver a esperança àqueles pescadores. Sendo assim, que cada um de nós sejamos pescadores de esperança, levando Cristo a todos os corações.

Hoje estamos diante do primeiro sinal de Jesus, no Evangelho: trata-se de uma festa de casamento, as bodas em Caná. Muitos gestos e símbolos nesta narrativa nos ajudam a viver esta solenidade: Maria é atenta às necessidades dos outros e confia no poder de seu Filho.

É a sensibilidade feminina que constata um fato: eles não têm mais vinho (Jo 2,3). Ora, numa festa judaica de casamento o que há de mais precioso é o vinho. Sem vinho é o mesmo que dizer: sem festa, sem alegria, sem sentido. Faltava algo extremamente necessário para continuar a vida. É Maria, discípula fiel, quem nos ajuda a perceber o que nos falta. Esta Mãe e Mulher sabe que, mesmo faltando o tão importante vinho, havia algo ainda mais necessário que não estava faltando: Jesus. Ela sabe, portanto, a quem recorrer. Ela sabe que nada pode fazer, mas conhece muito bem quem é capaz de solucionar o problema de todos. Neste dia dedicado à Virgem Aparecida, queremos aprender com ela a perceber em nossa vida quais os vinhos que nos faltam, quais os gestos, quais os sentimentos, quais as atitudes que precisamos apresentar a Jesus.

Ela intercede dizendo: “façam tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Nesse instante, os serventes encheram seis talhas de pedra que podiam caber cem litros. O número seis é simbólico porque remete ao dia em que Deus criou a humanidade (Gn), de modo que em Jesus, nós somos recriados para o amor. As talhas eram de pedra porque tantas vezes nosso coração continua empedrado por conta de nosso fechamento para Deus. É Jesus quem precisa se fazer a sétima talha, a perfeita, para transformar, na cruz, o pecado humano em vida nova de ressurreição.

O fato de os serventes encherem as talhas até a borda indica fartura e abundância que vêm de Deus. Tudo o que Deus transforma em nossa vida é “mil vezes” melhor do que sequer imaginamos. Quando observamos os mandamentos do Senhor, o que há de água em nossa vida se transforma em vinho abundante, isto é, em alegria; em justiça; em amor. O vinho era de tão boa qualidade que sequer o mestre sala sabia de onde vinha (Jo 2,9). Verdadeiramente, o que Deus faz em nossa vida é tão surpreendente que não temos palavras humanas para expressar. Maria sempre está disposta a interceder, como foi com aqueles três pescadores de 1717, com o escravo Zacarias que teve suas correntes se rompidas, com a menina cega que saiu de Jaboticabal, e com tantos outros conhecidos e desconhecidos.

Maria, Mãe de Jesus e nossa, nos mostra que Deus nunca abandona o seu povo. Que sejamos, pois, capazes de enxergar as talhas de nossa vida, para identificar o que precisa ser transformado. Sejamos capazes de enxergar a esperança ensinada por Maria, que nos permite fazer o que Jesus nos disser. Enfim, que sob o manto azul de Aparecida, o Brasil reencontre a paz, a justiça e a fraternidade.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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