SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS | Reflexão

 

TODOS OS SANTOS | Solenidade

Ap 7,2-4.9-14 | Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6) | 1Jo 3,1-3 | Mt 5,1-12a

 

“Corações ao alto!”

Amados irmãos e irmãs, neste sábado, dia 01 de Novembro, a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos e Santas de Deus. Não se trata apenas de se recordar daqueles santos conhecidos, canonizados, que tantas vezes temos por carinho devoção. Antes, é momento também para recordar tantos homens e mulheres que viveram e vivem um caminho de santidade, em nosso tempo, no anonimato. Mas isto ainda não é suficiente para esta celebração. Ora, celebrar todos os santos é reconhecer, antes de tudo, que temos uma vocação comum e que é possível para todos: ser santo.

Ouvimos na segunda leitura: “vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). A santidade começa exatamente aí: em acolher e viver como filhos amados do Pai.

É preciso, pois, compreender corretamente a leitura do Apocalipse. Trata-se de um texto escrito a partir de símbolos, que por sua vez, não podem ser interpretados de modo literal. Quando o autor apresente que o número dos salvos são 144.000, indica uma multiplicação simbólica do número 12, que indicam as tribos de Isael no Antigo Testamento, vezes o 12, que indica o número dos apóstolos no Novo Testamento, vezes 1.000, que indica o número da universalidade, da multidão, do todo. Portanto, 12x12x1000 resulta em 144.000. Em outras palavras, significa que a santidade, o Reino dos Céus, é uma possibilidade para TODOS! Aqui vale recordar aquele ditado popular: “ninguém nasce santo, mas torna-se”.

O caminho de santidade proposto por Jesus, no Evangelho, são as “bem-aventuranças”. Um sinônimo para bem-aventurado é feliz; ou seja, só é feliz quem vive o projeto divino de santidade. O termo “felizes”, em grego makarioi, indica não uma emoção passageira, mas uma vida plena, uma comunhão com Deus que já começa aqui e se cumpre na eternidade.

São felizes, isto é, santos os pobres, os aflitos, os mansos, os misericordiosos, os de puro coração, os que são perseguidos... Vejam que Jesus coloca as bem-aventuranças justamente nas fraquezas. Isso mostra que para ser santo não precisa ser lunático. Não precisa ser de outro mundo. Para ser santo basta ser humano e deixar Deus ser Deus. Esta é a beleza trazida no anúncio de Jesus; a partir do momento que deixamos o Senhor vir em auxílio da nossa fraqueza, deixamos de ser autossuficientes e nos tornamos realmente filhos que buscam a santidade. Por isso que Santo Inácio de Loyola dizia que “ninguém sabe o que Deus faria de nós, se não puséssemos tantos obstáculos à sua graça”.

As bem-aventuranças nos desafiam a pensar qual o tipo de felicidade que buscamos, pois, enquanto a sociedade diz: “felizes os que têm sucesso, poder, aparência e fama”, Jesus responde: “felizes os que confiam em Deus e amam até o fim”. A felicidade do Evangelho, que é sinônimo de santidade, não é ausência de sofrimento, mas presença de sentido. É a alegria de quem, mesmo chorando, sabe que não está só.

Enfim, queridos irmãos e irmãs, não há fórmula mágica! No entanto, celebrar esta solenidade é renovar o desejo de ser santo, cada um à sua maneira, no seu caminho, com suas limitações, mas com o coração voltado a Deus. Que o Espírito Santo nos ajude a entender e viver estas palavras.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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