DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO | Festa
Ez 47,1-2.8-9.12 | Sl 45(46),2-3.5-6.8-9 (R. 5) | 1Cor 3,9c-11.16-17 | Jo 2,13-22
Queridas irmãs e irmãos,
neste fim de semana celebramos a festa litúrgica da Dedicação da Basílica de
São João de Latrão. Mas, o que isto significa para nós? Trata-se da Catedral do
Papa, isto é, a igreja-mãe de todas as igrejas do mundo. Por isso que
celebramos em todas as paróquias esta mesma liturgia, para mostrar a nossa
catolicidade, isto é, a nossa unidade com o Pontífice. A Basílica do Latrão,
como é chamada, foi a primeira basílica cristã construída em Roma, depois do
fim das perseguições, por volta do ano 324, durante o imperador Constantino.
Celebrar esta festa é
recordar que a Igreja não é apenas tijolo e parede, mas mistério de comunhão,
casa viva onde Deus habita. Por isso que, na primeira leitura, o profeta
Ezequiel tem uma visão impressionante: do lado direito do Templo brota uma
fonte de água viva, que se torna um rio que dá vida por onde passa; as águas
curam, fertilizam, transformam o deserto em jardim. Ora, nós somos esta Igreja,
este templo de Deus e morada do Espírito Santo. Portanto, nossa missão é correr
pelo mundo, como um rio, levando a graça de Deus. Cada um de nós, pelo batismo,
é pedra viva desse edifício. Cristo, no entanto, é o único alicerce.
Disto, podemos
compreender que o nosso corpo merece respeito, porque é morada de Deus, e não
podemos tratá-lo de qualquer jeito, mas cuidar, aceitar e preservar. Afinal de
contas, quando Deus criou o ser humano, ele viu que “era muito bom” (Gn 1,31). Ou
seja, o corpo não é algo apenas biológico, mas é dom de Deus, através do qual
amamos, trabalhamos, rezamos, ajudamos, servimos no altar, acolhemos os irmãos,
etc.
O Evangelho coloca a
purificação do templo no início do ministério público de Jesus. Assim, o autor
sagrado quer mostrar desde o começo quem é Jesus: o novo Templo, o lugar
definitivo da presença de Deus. E conscientes disto, vivemos o que pede o
apóstolo, na segunda leitura: “vós sois santuário de Deus e o Espírito de Deus mora
em vós” (1Cor 3,16). Ora, precisamos estar alicerçados em Cristo para que
verdadeiramente sejamos templos vivos! Por que será que as pessoas estão, cada
vez mais, ficando sem religião, sem fé, sem amor? Arrisco dizer que um dos
motivos seja a nossa falta de coerência, de compromisso e de fidelidade à fé
professada todos os domingos.
Para isso, é preciso
que purifiquemos o nosso coração e a nossa vida, pois, a purificação que Jesus
faz no Templo é convite à conversão interior. É fato que o comércio não era
algo proibido em si, pois os peregrinos precisavam comprar animais para o
sacrifício e trocar moedas, no entanto, o Senhor percebeu que o intuito da casa
de Deus tinha sido corrompido; o chicote feito por Jesus é símbolo justamente de
purificação e autoridade divina. Em outras palavras, é preciso que saibamos dar
nome a tudo aquilo que tira o nosso foco da Palavra de Deus para, a partir daí,
expulsar o que possa ocupar o lugar que é próprio de Deus em nós.
A purificação trazida
por Jesus não é violência, mas é libertação. Isto precisa estar claro para nós!
Ele quer nos livrar de tudo o que possa impedir estar em sua presença: orgulho,
vaidade, interesses, indiferença. À primeira vista, parece uma atitude dura, mas,
na verdade, é um gesto de amor, um amor que não suporta ver o que é santo sendo
profanado: “abre bem as portas do seu coração e deixe a luz do céu entrar”.
Enfim, ele diz: “destruí
este templo e em três dias o levantarei” (Jo 2,19)... essas palavras se
cumpriram na Páscoa. Mas se cumprem também cada vez que um coração se abre ao
Senhor e se deixa transformar, a cada Eucaristia, a cada encontro fraterno, a
cada gesto de amor uns para com os outros. Sejamos a Igreja viva de Jesus. Em
unidade com o Papa e bispos, caminhemos alicerçados em Cristo.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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