3º DOMINGO DO ADVENTO | Ano A
Alegrai-vos!
Amada irmã, amado
irmão; este é o chamado domingo da alegria: o Senhor está próximo! Alegra-vos! É
o profeta, na primeira leitura, quem diz: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede,
é vosso Deus, [...] é ele que vem para vos salvar” (Is 35,4). Sendo assim, esta
alegria pela proximidade do Senhor não pode ser algo superficial, mas sim uma
alegria teológica, porque nasce da presença de Deus; e também social, porque
transforma as relações e cura as feridas do mundo.
Alegrar-se em Deus é a
capacidade de quem tem fé, pois, não significa blindar-se das vicissitudes da
vida, mas persistir apesar delas. O fato é que viver na alegria de Jesus nem
sempre é fácil. Muitas vezes, somos amedrontados pela dúvida. Tanto é verdade
que o próprio João Batista, estando na prisão, questionou: “És tu aquele que há
de vir ou devemos esperar um outro?” (Mt 11,3). Que força há nessa pergunta!
Ela nos recorda que até os maiores santos podem passar pela noite escura da fé.
E Jesus não responde com discurso, mas com fatos: “Ide contar a João o que
estais vendo e ouvindo” (Mt 11,4).
Jesus não liberta João
da prisão; ele não responde com explicações, tratados ou argumentos. Do
contrário, ele é concreto: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os
leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são
evangelizados” (Mt 11,5). A presença de Deus está acontecendo, mesmo quando não
conseguimos percebê-la, e este deve ser o motivo da nossa alegria.
Irmãos, a verdadeira
alegria nasce quando Deus abre os nossos olhos, ouvidos e coração. De nada
adianta vivermos este Advento e não sermos impelidos a transformar o mundo em
que vivemos num Reino de Amor, Justiça e Paz. A nossa alegria, que brota do
Evangelho, deve levar também os mais pobres, abandonados e marginalizados, a
encontrar e contemplar a alegria de viver. Quantas são as pessoas ao nosso
redor que perderam a alegria de viver? Quantas perderam a capacidade de sorrir,
de esperançar, de amar? E qual o nosso compromisso, enquanto cristãos, para com
essas pessoas?
São Tiago, na segunda leitura,
nos recorda “ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do
Senhor está próxima” (Tg 5,8): esta firmeza consiste em não deixar o desanimo
tomar conta de nossa existência. Ora, vivemos num tempo em que a palavra
“alegria” foi reduzida a consumo, festas, ou sensações momentâneas. Muitos
acreditam que alegria é ausência de problemas, ou que só é possível ser alegre quando
tudo vai bem. Mas a alegria cristã é infinitamente maior: ela é uma presença,
não uma sensação. É a presença de Deus fazendo nascer vida onde parecia não
haver mais nada!
A alegria brota quando
descobrimos que não estamos sozinhos na nossa história, mas que Deus entrou em nosso
caminho. A verdadeira alegria não é negação da realidade, pois ela não esconde
sofrimentos, perdas ou angústias. O Evangelho nunca negou a cruz, mas mostra
que a cruz não é o fim.
O Advento é tempo de
aprender essa alegria: não uma alegria feita de enfeites, mas de esperança; não
uma alegria artificial, mas madura; não uma alegria que depende do externo, mas
do Deus que vem habitar dentro de nós. Esta alegria não cai do céu, ela
floresce a medida em que abrimos o coração: quando perdoamos, cuidamos,
partilhamos, amamos. Enfim, a alegria do Evangelho não é um sentimento, mas é
um jeito de viver; o jeito de Cristo.
Peçamos, portanto, que
o Espírito Santo venha em nosso auxílio para nos fazer abrir os olhos, os
ouvidos e o coração, a fim de que sejamos causa de alegria aos irmãos, como
Cristo é alegria de nossa vida.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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