3º Domingo do Advento | Reflexão

 

3º DOMINGO DO ADVENTO | Ano A

 Is 35,1-6a.10 | Sl 145(146),7.8-9a.9bc-lO (R. cf. Is 35,4) | Tg 5,7-10 | Mt 11,2-11

 

Alegrai-vos!

Amada irmã, amado irmão; este é o chamado domingo da alegria: o Senhor está próximo! Alegra-vos! É o profeta, na primeira leitura, quem diz: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, [...] é ele que vem para vos salvar” (Is 35,4). Sendo assim, esta alegria pela proximidade do Senhor não pode ser algo superficial, mas sim uma alegria teológica, porque nasce da presença de Deus; e também social, porque transforma as relações e cura as feridas do mundo.

Alegrar-se em Deus é a capacidade de quem tem fé, pois, não significa blindar-se das vicissitudes da vida, mas persistir apesar delas. O fato é que viver na alegria de Jesus nem sempre é fácil. Muitas vezes, somos amedrontados pela dúvida. Tanto é verdade que o próprio João Batista, estando na prisão, questionou: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?” (Mt 11,3). Que força há nessa pergunta! Ela nos recorda que até os maiores santos podem passar pela noite escura da fé. E Jesus não responde com discurso, mas com fatos: “Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo” (Mt 11,4).

Jesus não liberta João da prisão; ele não responde com explicações, tratados ou argumentos. Do contrário, ele é concreto: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,5). A presença de Deus está acontecendo, mesmo quando não conseguimos percebê-la, e este deve ser o motivo da nossa alegria.

Irmãos, a verdadeira alegria nasce quando Deus abre os nossos olhos, ouvidos e coração. De nada adianta vivermos este Advento e não sermos impelidos a transformar o mundo em que vivemos num Reino de Amor, Justiça e Paz. A nossa alegria, que brota do Evangelho, deve levar também os mais pobres, abandonados e marginalizados, a encontrar e contemplar a alegria de viver. Quantas são as pessoas ao nosso redor que perderam a alegria de viver? Quantas perderam a capacidade de sorrir, de esperançar, de amar? E qual o nosso compromisso, enquanto cristãos, para com essas pessoas?

São Tiago, na segunda leitura, nos recorda “ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,8): esta firmeza consiste em não deixar o desanimo tomar conta de nossa existência. Ora, vivemos num tempo em que a palavra “alegria” foi reduzida a consumo, festas, ou sensações momentâneas. Muitos acreditam que alegria é ausência de problemas, ou que só é possível ser alegre quando tudo vai bem. Mas a alegria cristã é infinitamente maior: ela é uma presença, não uma sensação. É a presença de Deus fazendo nascer vida onde parecia não haver mais nada!

A alegria brota quando descobrimos que não estamos sozinhos na nossa história, mas que Deus entrou em nosso caminho. A verdadeira alegria não é negação da realidade, pois ela não esconde sofrimentos, perdas ou angústias. O Evangelho nunca negou a cruz, mas mostra que a cruz não é o fim.

O Advento é tempo de aprender essa alegria: não uma alegria feita de enfeites, mas de esperança; não uma alegria artificial, mas madura; não uma alegria que depende do externo, mas do Deus que vem habitar dentro de nós. Esta alegria não cai do céu, ela floresce a medida em que abrimos o coração: quando perdoamos, cuidamos, partilhamos, amamos. Enfim, a alegria do Evangelho não é um sentimento, mas é um jeito de viver; o jeito de Cristo.

Peçamos, portanto, que o Espírito Santo venha em nosso auxílio para nos fazer abrir os olhos, os ouvidos e o coração, a fim de que sejamos causa de alegria aos irmãos, como Cristo é alegria de nossa vida.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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