4º Domingo do Advento | Reflexão

4º DOMINGO DO ADVENTO | Ano A

Is 7,10-14 | Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. 7c.10b) | Rm 1,1-7 | Mt 1,18-24

 

Ele é o Emanuel!

Neste último domingo que antecede o Natal do Senhor, uma profecia ecoa em nossos corações: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14). Vejamos, irmãos, que a iniciativa da salvação pertence sempre a Deus, mesmo quando o ser humano vacila. Mesmo diante do rei Acaz, em contexto de medo por conta de inimigos que ameaçavam seu reino, o sinal divino não responde às estratégias políticas, mas inaugura uma lógica nova: Deus não salva de fora, mas de dentro; assumindo a nossa condição.

A profecia de Isaías não é apenas anúncio de um nascimento extraordinário, mas a revelação de um Deus que escolhe habitar no simples, no afeto, num nascimento, isto é, seu modo de proceder é sempre entrando na fragilidade da história e transformando-a por dentro.

O Evangelho nos apresenta São José, homem justo, silencioso e profundamente obediente. Diante do mistério, José não reage com violência nem com legalismo, mas com discernimento e misericórdia. O anjo lhe revela que o que está acontecendo não é fruto do acaso, mas obra do Espírito Santo; então José é chamado a fazer algo decisivo: dar nome ao menino. Ao fazê-lo, ele o insere na linhagem davídica e assume sua paternidade legal. O nome dado ao menino é Jesus, que significa “Deus salva”. Ora, trata-se de uma leitura teológica do evangelista São Mateus à luz da profecia de Isaías: ele é o verdadeiro Emanuel, “Deus conosco”. Eis o coração do Natal: Deus não está apenas por nós, mas conosco; não acima, mas dentro da nossa vida.

No entanto, para acolher o Menino-Deus que nasce e renasce em nosso coração a cada Natal, é preciso que não tenhamos medo de assumir o seu projeto de Amor. Tanto é verdade que as primeiras palavras ditas pelo anjo a São José foram: “[...] não tenhas medo [...]” (Mt 1,20).  O medo, tantas vezes, os paralisa diante do grandioso mistério de Deus. Precisamos aprender a confiar e acreditar mais na presença de desse Deus conosco, pois as promessas de Deus jamais falham!

O medo precisa dar lugar à fé. O primeiro relato bíblico sobre o medo está em Gênesis: “tive medo, porque estava nu” (Gn 3,10). Ora, o medo surge quando a relação de confiança com Deus é ferida. Ele não é apenas reação psicológica, mas sintoma espiritual de uma ruptura, pois, onde havia comunhão, instala-se a desconfiança; onde havia acolhida, nasce a fuga. Em última instancia, o medo revela um coração que já não se percebe seguro nas mãos do Senhor.

Teologicamente, o medo não é o último critério da existência cristã: ele pode existir, mas não deve governar a nossa existência. A fé, portanto, nasce quando o ser humano permite que Deus seja mais determinante do que suas inseguranças. Onde a fé cresce, o medo perde seu poder absoluto; onde Deus é acolhido como Emanuel, o coração encontra repouso. Ouçamos, pois, esta mensagem do anjo também para nós: que não tenhamos medo de acolher e testemunhar a presença de Deus-menino em nosso meio.

Nesse sentido, o apóstolo São Paulo, na segunda leitura, recorda que fomos chamados à obediência da fé: “É por Ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome” (Rm 1,5). Obediência, aqui, não é submissão cega, mas acolhida confiante da iniciativa de Deus, como resposta amorosa àquele que vem ao nosso encontro.

Enfim, celebrar o Natal, que já se aproxima, é professar que Deus assumiu nossa carne para que nossa vida fosse habitada por Ele. Eis o mistério que nos salva, nos transforma e nos envia. Que, ao chegar o Natal, possamos reconhecer com fé e alegria: ele está no meio de nós!

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.


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