NATAL DO SENHOR | Ano A
Is 9,1-6 | Sl
95(96),1-2a.2b-3.11-12,13 (R. Lc 2,11) | Tt 2,11-14 | Lc 2,1-14
Hoje, nasceu para vós um Salvador!
Amados irmãos e irmãs, nesta
liturgia da Noite de Natal nós somos impelidos por um fato que marcou toda a
história da humanidade: Deus nasceu! Contudo, não nasceu nos palácios do poder,
nem nos centros da decisão política ou econômica; mas nasceu à margem, em
Belém, numa gruta, deitado numa manjedoura. O Natal nos desconcerta, porque
revela um Deus que escolhe o caminho da pequenez para transformar a história.
Diz o profeta: “O povo
que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). Não se trata apenas da
ausência de luz física; mas há também, em nosso mundo, trevas da violência, da
injustiça, da desigualdade social, da solidão, da fome, do medo do futuro.
Quantos hoje caminham nas trevas do desemprego, da exclusão, da guerra, da
indiferença! É justamente neste cenário que a luz de Deus se acende. O Natal
proclama que nenhuma noite é tão escura que Deus não possa iluminar.
Por isso, hoje é a
festa da luz! “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). Essa
luz não é uma ideia, nem um símbolo abstrato: essa luz tem um rosto, um nome,
uma história. É o Menino de Belém. Deus escolhe a noite para nos dizer que nenhuma
escuridão é definitiva. Onde o ser humano só enxerga limites, Deus acende um
começo. Onde vemos fracasso, Ele semeia esperança. Hoje é a festa da luz porque
Deus não se contentou em iluminar de longe, mas ele entrou na nossa noite
escura; assumiu nossas sombras: o medo, a insegurança, a solidão, a dor, a
injustiça. A luz não eliminou a noite, mas habitou nela. E é isso que salva!
Em Belém, Maria e José
não encontram lugar na hospedaria. Deus nasce sem lugar. Quantos hoje também
não encontram lugar: os pobres, os migrantes, os moradores de rua, os idosos
esquecidos, os jovens sem perspectivas. O Filho de Deus nasce entre eles e com
eles. Quem rejeita os pequenos, rejeita o próprio Cristo. Os pastores foram os
primeiros a ver a luz, porque estavam acordados na noite. Quem vigia, quem
sofre, quem espera, percebe primeiro o brilho de Deus. A luz do Natal não se
impõe aos olhos fechados; ela se revela aos corações atentos.
Mas esta festa nos faz
uma pergunta exigente: o que faremos com essa luz? Guardá-la como lembrança? Ou
deixá-la transformar nossa vida? Celebrar a festa da luz é permitir que Cristo
ilumine nossas escolhas, nossas relações, nosso modo de ver os pobres, os
diferentes, os esquecidos. É aceitar ser, também nós, pequenas luzes nas noites
do mundo: luz que acolhe, que perdoa, que partilha, que consola.
Irmãos e irmãs, “andemos
a Belém. Para chegar lá, devemos atravessar vinte séculos de história. É a
única viagem ‘para trás’ que pode nos fazer ‘avançar’ no caminho da felicidade.
Aquela felicidade que perseguimos durante toda a nossa vida. Por isso, vamos
partir, sem medo” (Dom Tonino Belo). Assim, nesta noite santa, diante da
manjedoura, aprendemos que a verdadeira revolução começa no amor! Deus não
mudou o mundo com um exército, mas com uma família; não com imposição, mas com
doação. Onde há amor, ali Deus continua nascendo e renascendo.
Que a paz cantada pelos
anjos “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele
amados” (Lc 2,14), desça sobre nossas famílias, cure nossas feridas sociais e
nos torne artesãos da esperança. E que, ao sairmos das celebrações litúrgicas,
possamos levar o Natal não apenas no calendário, mas na vida.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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