9º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

9º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano B

Dt 5,12-15 | Sl 80(81),3-4.5-6ab.6c-8a.10-11b (R. 2a) | 2Cor 4,6-11 | Mc 2,23-3,6

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!

Retomamos o tempo comum na Igreja, isto é, o tempo próprio das catequeses de Jesus para aprender um pouco mais com ele a ser como ele. Sendo assim, a primeira leitura já logo nos recorda o terceiro mandamento da lei de Deus, isto é, guardar o dia do Senhor. Na concepção hebraica, tratava-se do dia de sábado. O chamado “descanso sabático” (Shabbat) era conhecido pelos judeus como o dia que, além de fazer memória ao último dia da criação do mundo (Gn 1) em que Deus descansou, também recordava a libertação do povo escravo no Egito (Dt 5, 15). A partir disso, os judeus também viviam o Shemitá (sábado da terra); isso significa que a mesma regra do repouso se aplicava também ao campo, de modo que a terra deveria produzir por seis anos, e, no sétimo, era proibido semeá-lo ou podar a vinha. O fato é que o povo viveu muito tempo esta lei a risca, a ponto de deixar a dignidade humana de lado em nome desta norma.

Nesse contexto que compreendemos o Evangelho: ao passar pelo campo em dia de sábado os discípulos sentem fome e decidem pegar algumas espigas de trigo para comer. No entanto, são advertidos pelos fariseus por quebrarem aquela lei sabática do Antigo Testamento. “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2, 27-28), diz Jesus. Ora, isso significa que lei nenhuma pode estar acima da dignidade da pessoa humana. Nós não podemos fazer barbaridades em nome de Deus, da fé ou da religião. A cada vez que propagamos uma fé excludente ou alienante já estamos traindo o Evangelho de Jesus Cristo. EM outras palavras, “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1).

Jesus acrescenta ainda uma cura para deixar mais claro seu recado aos fariseus e herodianos: ele chama um homem da mão seca para “levantar-se e se colocar no meio” (Mc 2, 3). A posição de pé representa a posição do ressuscitado; trata-se de devolver a vida e sua dignidade ao homem. Também o fato de colocá-lo no meio indica que o centro da vida de Jesus é a nossa humanidade, somos todos nós. E para curar, não há dia. Todo dia é dia de cura em Jesus Cristo. Afinal de contas, pergunta Jesus: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” (Mc 2, 4). E diante da questão, só puderam dar o silêncio como resposta. As nossas mãos, muitas vezes, estão secas ou atrofiadas para fazer o bem. Quanto o assunto é ajudar o próximo, doar um tempo para a comunidade paroquial ou algo do tipo, nós nunca podemos. Arranjamos as desculpas mais esfarrapadas.

Meus irmãos, a dureza de coração daquele povo muitas vezes é a nossa dureza de coração quando não nos damos conta da graça que habita o nosso Ser. Como garante o apóstolo, “trazemos esse tesouro em vasos de barro” (1Cor 4, 7). Somos falhos e pecadores, é verdade. Mas o Espírito que habita em nós é Santo! “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia”, isto porque Jesus, vindo a esta terra foi quem nos libertou de toda secura espiritual. Somente quando confiamos nesta graça, nesta Palavra, nesta Eucaristia é que seremos, verdadeiramente, homens e mulheres que colocam a lei do amor no centro da vida, e não as leis humanas. Ora, são tantas as leis injustas em nosso país, no entanto, não são a elas que devemos obediência. Isso não significa, de modo algum, subversão: trata-se de consciência crítica e postura evangélica. Acima de tudo, de toda lei, está o amor e a dignidade humana. Estejamos atentos e sejamos promotores da vida em Deus.

Que assim seja. Amém!

           

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista da Diocese de Jaboticabal/SP.

 

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