Pentecostes, Solenidade | Ano B
At 2,1-11 | Sl 103(104),1ab.24ac.29bc-30.31.34 | 1Cor
12,3b-7.12-13 | Jo 15,26-27;16,12-1
“Enviai
o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai.”
Amados irmãos e irmãs,
hoje celebramos a solenidade de Pentecostes. Na semana passada, recordando a
subida de Jesus aos céus, dava-se a impressão de uma despedida da vida terrena
do Senhor Ressuscitado. Contudo, uma despedida não significa, necessariamente,
um abandono. Nesse sentido, hoje, celebrando Pentecostes, temos outra forma de
presença divina: o Espírito Santo de Deus. Ora, o mesmo Deus que estava “ao
lado”, agora decide “estar dentro” de cada filho amado.
Esta celebração remete
aos 50 dias depois da Páscoa, em que o Espírito Santo foi enviado no Cenáculo,
em Jerusalém, sobre os Apóstolos e a Virgem Maria. A palavra “Pentecostes”
deriva do grego pentēkostḗ, e significa “quinquagésimo”. Para os judeus, esta
era uma celebração de agradecimento a Deus pela colheita realizada pelos judeus
cinquenta dias após a Páscoa. A data também faz memória dos cinquenta dias
depois do êxodo, em que os israelitas chegaram ao monte Sinai; onde Deus lhes
deu a Lei por intermédio de Moisés e ordenou que observassem os seus
mandamentos e comemorassem aquele dia também anualmente. Contudo, a festa de
Pentecostes, tal como celebramos hoje, significa a vinda Espírito Santo
Paráclito que deu-nos uma nova lei: não mais escrita em tábuas de pedras, mas,
em corações humanos: a lei dei suprema do AMOR. Desse modo, celebrar
Pentecostes é celebrar a festa da presença do Espírito que nos anima e dá
forças para seguir a vida mediante todos os problemas e tentações do inimigo.
Então, a questão é:
QUEM É O ESPÍRITO SANTO? Muitas vezes o reduzimos a “uma pombinha”, por causa
do relato bíblico do batismo de Jesus. Olhemos, pois, a primeira leitura de
hoje, que apresenta, de modo catequético, como foi o dia de Pentecostes: a
forte ventania e o barulho do céu (At 2, 2) indicam um momento de tensão, de
crise, mas também um momento de profunda infusão do Espírito Santo, que é o dom
de Deus. Este Espírito que todos nós recebemos no batismo é capaz de sacudir a
nossa existência, nos transformando em novas pessoas. Justamente nos momentos
de fortes ventanias e mitos barulhos internos e externos de nossa vida, é que
precisamos recordar que somos habitação permanente do Espírito Santo.
Ademais, uma forma de
apresentação do Espírito Santo, pelo relato bíblico são as línguas como de fogo.
Ora, o advérbio “como” expressa um modo e não a sua essência. Assim, não se
trata de um relato jornalístico fiel à realidade, mas sim, de uma catequese de
Lucas para expressar o que o Espírito Santo é capaz de fazer quando a
comunidade, verdadeiramente, o acolhe. A “língua” indica a capacidade de
comunicar, de estabelecer laços, de construir comunidade. “Falar outras
línguas” é criar relações, é superar o gueto, a divisão, o egoísmo. O “fogo”
pode simbolizar destruição, mas nem sempre. É purificação e transformação!
Não podemos reduzir o
Espírito Santo, que é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, a meros
símbolos. Contudo, os símbolos nos ajudam a nos aproximarmos de uma profunda
vida espiritual. Conforme a catequese de Lucas, no livro dos Atos dos
Apóstolos, o nascimento da Igreja se dá com a vinda do Espírito Santo, isto é,
ele quem dá os caminhos para a Igreja caminhar neste mundo. De fato, “todos nós
os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!” (At 2,
11): as pessoas cheias do Espírito Santo de Deus são capazes de anunciar, com a
vida, as inúmeras maravilhas que o Senhor fez e faz.
São Cirilo de Jerusalém
ainda dizia que o Espírito Santo é a luz divina que esclarece tudo para a
glória humana e de Deus[1].
Acolhamos esta luz divina para que possamos iluminar o mundo. Precisamos mais
do Espírito Santo de Deus e menos do “espírito de porco” que habita em nós.
Assim seja.
Refrão: “ó Luz do Senhor, que vem sobre a Terra;
inunda meu ser, permanece em nós!”
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista
da Diocese de Jaboticabal/SP.
[1] Cirillo di Gerusalemme. Catechesi Battesimali, 16,22-23. In: La teologia dei padri, v. 2.
Città Nuova Editrice, Roma, 1982, p, 306-307.
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