3º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C

Ne 8,2-4a.5-6.8-10 | Sl 18B(19),8.9.10.15 (R. Jo 6,63c) | 1Cor 12,12-30 | Lc 1,1-4.4,14-21

Neste fim de semana, 3º Domingo do Tempo Comum, a Igreja celebra também o “Dia da Palavra de Deus”, instituído pelo Papa Francisco em 2019. Trata-se de um dia para celebrar e viver a Palavra, ou seja, é uma oportunidade para se recordar da importância e do lugar que a Sagrada Escritura deve ter na vida de todo cristão. O lema para este ano é um versículo do Salmo 119: “Espero na tua Palavra”. Num mundo de tantas esperas, tantas promessas, tantos desafios, é urgente que sejamos homens e mulheres que saibam esperar na Palavra do Senhor, pois, quem espera em Deus é mais que vencedor (cf. Rm 8,37).

Também as leituras propostas pela liturgia nos convidam a refletir sobre a Palavra de Deus. Na primeira leitura, somos apresentados ao sacerdote e escriba Esdras, que liderou um grupo de exilados no retorno da Babilônia para a sua terra, Jerusalém. A missão de Esdras, junto do governador Neemias, consistia em reorganizar a comunidade em torno do Templo e da Lei de Deus. Ora, quando voltam para restaurar sua terra, não basta uma restauração puramente social ou arquitetônica, mas também espiritual. “Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até ao meio-dia” (Ne 8,3) na praça, para que todos ouvissem; e “todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei” (Ne 8,9). Isto é o que nós somos: um povo congregado em torno da Palavra! Não podemos nos esquecer de ter intimidade com a Escritura, pois é a partir dela - não somente, mas também dela - que Deus nos fala. Pensamos: quanto tempo dedicado à leitura e estudo da Escritura? O quanto sabemos aproveitar das pregações, cursos, homilias e sermões dos nossos líderes religiosos?

Jesus também dá importância para a Palavra, tanto que, no templo, lê o profeta Isaías que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19). A diferença é que, além de anunciá-la, ele é também o cumprimento encarnado desta Palavra: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21)

Isto porque nós não cremos em uma palavra morta, mas a Palavra de Deus é vida! Afinal de contas, foi isso que proclamamos com o salmista: “Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida!”. Sendo assim, esta profecia de Isaías é o “programa” de todo o ministério de Jesus; e se é de Jesus, é também o nosso, que somos seus discípulos e discípulas. Ora, uma vez que fomos ungidos e consagrados pelo nosso batismo, somos também enviados para anunciar a Palavra, isto é, a Boa-Nova a todos, sobretudo, aos pobres. Mas o nosso anúncio depende, necessariamente, da nossa intimidade com esta mesma Palavra.

Para tanto, São Paulo nos recorda que formamos um único e mesmo corpo, cuja cabeça é Jesus Cristo. Todos nós somos importantes para Jesus! E saber disso faz toda a diferença. Em nossas diferenças, o que nos une a justamente a Palavra feita carne. Meus irmãos e irmãs, quando pregamos a Palavra de Deus, e não a nossa, somos capazes de transformar este mundo cheio de ódio, rancores e violência em um mundo de amor, justiça e paz. Quando a Palavra que lemos, estudamos, cremos e professamos se torna o nosso “programa” de vida, nós aprendemos a falar ao coração uns dos outros, superando até mesmo as diferenças sociais, intelectuais, geográficas etc.

No entanto, para que sejamos capazes de vivenciar este projeto de Cristo, é necessário aprender com os seus ouvintes na sinagoga, que “tinham os olhos fixos nele” (Lc 4,20). Aproveitemos esta liturgia para dedicar um tempo maior e manter os olhos fixos em Jesus, por meio de sua Palavra.

Assim seja. Amém!

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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