Apresentação do Senhor | Reflexão

 

APRESENTAÇÃO DO SENHOR, Festa | Ano C

Ml 3,1-4 | Sl 23(24),7.8.9.10 (R. 10b) | Hb 2,14-18 | Lc 2,22-40

 

O Quarto Domingo do Tempo Comum cede lugar à festa litúrgica da Apresentação do Senhor. Trata-se de uma festa celebrada quarenta dias após o Natal, recordando o dia em que o Jesus, depois de quarenta dias de nascido (como mandava a lei judaica; cf. Lv 12) foi levado ao Templo de Jerusalém por Maria e José, sendo apresentado aos sacerdotes e consagrado a Deus. Com o passar do tempo na Igreja, foi acrescentada a esta festa a “bênção das velas”, recordando que Jesus é a "Luz dos Povos" e, por isso, há neste dia em nossas comunidades paroquiais uma pequena procissão luminosa. Maria não precisava ser purificada no templo, pois ela é Imaculada; Jesus não precisava ser consagrado a Deus porque é o próprio Filho de Deus encarnado na história; no entanto, num gesto de humildade e obediência, eles cumpriram os preceitos de sua época para nos ensinar a importância de observar a lei de Deus. Celebremos, pois, esta festa com bastante fé de devoção.

O nome Malaquias, autor da primeira leitura desta liturgia, significa “o meu enviado”. Nesse sentido, ele apresenta uma mensagem do próprio Deus sobre “o dia” em que enviará ao templo alguém para purificá-lo verdadeiramente, tal como o fogo purifica a prata e o ouro (Ml 3,3). Recordemos que o autor desta profecia viveu o período pós-exílico do Povo, em que já se tinham restaurado o templo de Jerusalém, mas ainda viviam de cultos vazios de sentido e de coerência com a vida cotidiana. Ainda hoje, precisamos olhar para nossas práticas litúrgicas e avaliar se são práticas, verdadeiramente, interiorizadas em nossa vida ou são meros rituais externos. Ao mencionar o “Rei da Glória” no salmo responsorial, juntamente com a profecia de Malaquias, estamos falando do prenúncio do relato evangélico da entrada de Jesus no Templo.

Desse modo, olhamos para Jesus que, ainda com alguns dias de nascido (como exigia a lei mosaica), foi apresentado ao Templo para ser consagrado ao Senhor. Na verdade, o movimento é inverso: é Jesus quem cumpre a promessa de Malaquias e purifica o Templo. Ele dá o pleno sentido em nossa vida e às nossas práticas religiosas; por isso mesmo podemos contemplá-lo como “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32).  No entanto, esta purificação trazida por Jesus não é como pensavam; não é com guerra, mas vem num frágil menino apresentado por seus pais. Por isso a carta aos Hebreus, na segunda leitura, nos recorda que “Jesus devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos” (Hb 2,17). Ele assume a nossa condição humana para nos recordar quem nós somos: filhos amados de Deus!

Irmãos e irmãs, para contemplarmos a luz da salvação que é Jesus, precisamos aprender a valorizar a simplicidade de Deus. Tanto é verdade que a lei pedia que se oferecesse um cordeiro no Templo, exceto as famílias pobres, que poderiam oferecer, no lugar, dois pombinhos, como ouvimos no Evangelho (Lc 2,24). A origem pobre do Salvador demonstra o despojamento de Deus ao assumir a nossa humanidade. Precisamos reorientar o nosso olhar para o ordinário da vida, a ponto de dizer como Santo Inácio de Loyola: “eu vejo Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus”.

Simeão é a figura do Israel que esperava ansiosamente o cumprimento das promessas divinas. No fim da vida ele contempla o que tanto esperou, isto é, encontra o Messias. Em nossas ansiosas esperas da vida, não podemos perder de vista a esperança, esta que não decepciona (Rm 5,5), como nos garante o tema bíblico do Jubileu da Esperança que vivenciamos em toda a Igreja.

Enfim, Jesus é luz porque dissipa tudo o que há de treva e escuridão em nossa existência. Por isso, somos coerdeiros desta luz e devemos, por missão, iluminar o mundo todo com coerência de vida em nossas práticas religiosas.

Assim seja. Amém!

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

Comentários

Postar um comentário