5º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C
Is 6,1-2a.3-8 | Sl 137(138),1-2a.2bc-3.4-5.7c-8 (R.
1c.2a) | 1Cor 15,1-11 | Lc 5,1-11
O tema comum em todas
as leituras da liturgia deste fim de semana é VOCAÇÃO. Em outras palavras,
somos convidados neste 5º Domingo do Tempo Comum (Ano C) a pensar sobre o nosso
chamado diante de Deus. Todos nós temos uma vocação, que deve ser compreendida,
acolhida e vivida por cada um. Lembremos: Deus
nunca se cansa de nos chamar!
O texto da primeira
leitura narra o momento em que Deus chamou Isaías à vocação profética: no
templo de Jerusalém, Isaias ouve a voz do Senhor que diz “Quem enviarei? Quem
irá por nós?” (Is 6,8). De prontidão, o profeta responde “Aqui estou! Envia-me”
(Is 6,8). Ora, diante da grandeza de Deus, que aparece sentado num trono alto
(Is 6,1), Isaías sente-se pequeno, frágil e indigno (Is 6,5), no entanto, sua
condição miserável não o torna omisso diante do chamado divino. Deus confia sua
missão justamente àqueles que sabem o seu tamanho, e por isso mesmo, se confiam
à graça e ao amor misericordioso do Pai. Nós que somos chamados para a vida,
não somos perfeitos, mas temos nossas falhas. No entanto, reconhecer isto é o
caminho necessário de humildade e conversão para seguir fielmente o projeto de
salvação que o Senhor tem para cada um de nós. O fato é que Deus nos chama
constantemente, e exige de nós uma resposta sincera, não obstante as nossas
inseguranças humanas.
Também a experiência de
São Paulo, na segunda leitura nos mostra isto: ele se coloca como o último a
receber o querigma (1Cor 15,8); se considera o menor dos apóstolos (1Cor 15,9);
e ainda assim, tem consciência de sua missão. Também nós não somos melhores que
ninguém... Não nos iludamos: “É pela graça de Deus que eu sou o que sou” (1Cor
15,10). Saibamos, humildemente, nos colocar em último lugar para melhor
servirmos. Tenhamos clareza de que somos chamados por Deus para a vida não porque
somos os melhores, mas porque a graça de Deus é maior que nossa pequenez.
No Evangelho a multidão
“apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus” (Lc 5,1). Percebamos
que, mais uma vez, a vocação está relacionada com o OUVIR. Quem ouve a Palavra
de Deus e a põe em prática é sábio e constrói a sua casa, isto é, a sua vocação
sobre a rocha (cf. Mt 7,24). Simão, ao ser chamado pelo Mestre, coloca obstáculos.
O fracasso da pesca que durou a noite toda parece ser desmotivador (cf. Lc 5,5).
Em nossa vida, tantos são os fracassos, as tristezas e os dissabores; contudo,
o Senhor continua nos chamando para lançar redes, isto é, para não desistir. O
sucesso da nossa vocação não depende de êxito imediato, mas de fazer sempre a
vontade de Deus! Quando Simão faz a vontade de Jesus, a pesca acontece e ainda
é acompanhada de uma promessa vocacional: “De hoje em diante tu serás pescador
de homens” (Lc 5,10).
Pescar significa
salvar, uma vez que o mar, na concepção da época de Jesus, indicava o
desconhecido, o mal, a desfiguração. Pescar gente é o mesmo que resgatar a
humanidade dos flagelos e das feridas que desumanizam. Nós, homens e mulheres do
século XXI, somos chamados, como Pedro, a sermos pescadores de gente, isto é,
continuadores da obra de Cristo que consiste em devolver a vida e a dignidade
às pessoas caídas pelo caminho. Pescar gente exige coragem e, para isso, Jesus
adverte: “Não tenhas medo!” (Lc 5,10). Não podemos ter medo de “sujar as mãos”
tocando na ferida dos outros. Não ter medo é justamente a condição necessária
para viver dentro da barca de Cristo, que é a Igreja.
Então aqueles que
presenciaram a cena “deixaram tudo e seguiram a Jesus” (Lc 5,11). Quais têm
sido as nossas pescas? O que temos deixado para seguir Jesus? Em nossa vida,
nos apegamos a tantas coisas, pessoas, sentimentos e rancores. Mas justamente
esses apegos não nos permitem ouvir a voz de Deus e fazer a sua vontade.
Precisamos deixar de lado as bagagens que não fazem parte desta viagem no
caminho de Jesus. Sigamos o Mestre para anunciar o amor e o perdão de Deus. Não
tenhamos medo, mas tenhamos fé!
Portanto, falar de
vocação não se trata somente daquelas específicas: padre, religiosos, matrimônio...
mas devemos ampliar nossa compreensão: Deus nos chama para a vida, para a
santidade, para anunciar o seu Evangelho. Independente da nossa história, dos
nossos desencontros, Deus quer promover um profundo e bonito encontro! Cada um
de nós tem o seu lugar no projeto que Deus tem para a humanidade. Tomemos este
lugar que é nosso.
Assim seja. Amém!
Luis Gustavo da Silva Joaquim
Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.
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