7º Domingo do Tempo Comum | Reflexão

 

7º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Ano C

1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23 | Sl 11(12),2-3.4-5.7-8a (R. 8a) | 1Cor 15,45-49 | Lc 6,27-38

 

Em nossa vida há duas lógicas: a lógica do amor ou a lógica do rancor. E, sempre, diante de todas as situações podemos escolher qual seguir. Obviamente, a lógica do amor é a que vem de Deus, já que “Deus é amor” (1Jo 4,8).

            Como sabemos na História de Israel, Saul, o primeiro rei, tinha inveja de Davi e, por isso, queria matá-lo. Sendo assim, Davi precisou fugir. Em determinado momento de suas vidas, como narrado na primeira leitura de hoje, Davi teve a oportunidade de matar Saul. Ele tinha tudo ao seu favor, enquanto Saul e seu exército estavam desarmados e dormindo no acampamento. Abisai, guerreiro aliado, vê uma oportunidade de vingança: “Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo. Vou cravá-lo em terra com uma lança, e não será preciso repetir o golpe” (1Sm 26,8). No entanto, Davi decidiu deixá-lo viver e perdoar suas ofensas: “Não o mates! Pois quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor, e ficar impune?” (1Sm 26,9). Abisai acredita na justiça humana, mas Davi confia inteiramente na vontade de Deus. Um seguia a lógica do rancor; e outro, a do amor.

Esta história é, na verdade, uma catequese sobre o perdão: Davi é modelo da pessoa que, mesmo tendo a oportunidade de fazer o mal, prefere e faz o bem, confiando na justiça de Deus. Ele devolve o ódio e a perseguição com amor e compaixão: “O Senhor é bondoso e compassivo” (Sl 102,8) e “não nos trata como exigem nossas faltas” (Sl 102, 10). Em tempos como o nosso, precisamos aprender a ser compassivos uns com os outros, assim como Deus é compassivo conosco. Ora, quem ama sempre perdoa!

No Evangelho Jesus define os traços fundamentais do verdadeiro discípulo. Em outras palavras, é um caminho de quem vive a lógica do amor, e não do rancor. Amar os inimigos, fazer o bem a quem nos odeia, abençoar quem nos amaldiçoa e rezar por quem fala mal de nós: parecem atitudes muito distantes de nossa realidade; mas não deveria ser. São gestos concretos que podemos e devemos exercer em nossa vida familiar, profissional, comunitária, eclesial... Não há exceção para os destinatários do amor; todos são dignos, ou seja, a linguagem mais universal que existe não é o inglês, mas é a linguagem do amor. Não há quem fique sem entender um gestor amoroso de abraço, de carinho, de escuta. Todos, sem exceção, conhecem gestos de amor.

No entanto, não basta que não façamos o mal às pessoas, mas é preciso que façamos o bem. “Não fazer” também é pecado da omissão; é apatia; é morte. Um coração cheio desses sentimentos não está unido a Jesus e ao seu projeto de Amor. Por isso que o Senhor diz: “o vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles” (Lc  6,31). Esta é a regra de ouro para a identidade cristã.

O que nos torna capazes de receber este amor incondicional e também oferecer este mesmo amor a todos? A nossa filiação divina. Se realmente somos filhos amados de Deus, somos também irmãos e irmãs uns dos outros; independentemente de etnia, posição social, ou quaisquer outros critérios. Qual, portanto, o critério de amar? Nenhum. Já dizia Santo Agostinho que “a medida do amor é amar sem medidas”. Por mais que pareça coisas absurdas o que Jesus nos pede no Evangelho desta liturgia, não o é. Aos olhos de quem ama nada é absurdo, mas tudo ganha um novo sentido. Se não somos capazes de viver isto, é porque ainda não somos capazes de amar suficientemente como deveríamos. Mesmo que a vida nos ofereça oportunidades de viver a lógica do rancor, da vingança e do “olho por olho; dente por dente”, ofereçamos o nosso amor e o nosso perdão, afinal de contas, a maior justiça de Deus é a sua misericórdia, se entregando no lenho da Cruz para a remissão do mundo. Às vezes, quem menos merece o nosso amor e o nosso perdão é quem mais precisa de amor e de perdão.

Que o Espírito Santo nos ajude, neste tempo de viver a esperança que não decepciona (Rm 5,5), a exercermos o amor incondicional uns pelos outros, a fim de que vivamos em paz e harmonia como filhos e filhas de Deus, que é Pai de todos.

Assim seja. Amém!

Música: https://www.youtube.com/watch?v=4j2EqG2H7wA

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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