1º Domingo da Quaresma | Reflexão

 

1º DOMINGO DA QUARESMA | Ano C

Dt 26,4-10 | Sl 90(91),1-2.10-11.12-13.14-15 (R. cf. 15b) | Rm 10,8-13 | Lc 4,1-13

 

A vida de todos, hoje, é corrida. Não podemos fugir dos compromissos, horários marcados, reuniões e datas de entregas. Acontece que, diante de tanta correria, acabamos nos esquecendo, sempre, de alguma coisa. Todavia, existe um compromisso que nunca podemos perder de vista: viver o Evangelho; isto deve ser prioridade em nossa existência. Por isso, o tempo da quaresma é importante. É tempo de reaproximação: com Deus, com o próximo, com o mundo e conosco mesmos.

A primeira leitura nos apresenta uma parte do discurso de Moisés sobre a entrega das primícias, isto é, todo crente israelita deveria, por lei, oferecer a Deus os primeiros frutos de sua colheita na terra (Dt 26). Trata-se de um gesto que reconhece a grandeza de Deus, uma vez que, tudo o que temos, fazemos e somos é por graça divina!

Moisés recorda o povo como Deus sempre se manteve presente na história, desde o êxodo do Egito até quando encontraram a morada na terra onde corre leite e mel (Dt 26, 9). Olhemos para nossa vida, a fim de enxergar onde Deus se manifestou nos libertando de situações que nos desumanizam. Hoje, não oferecemos mais as primícias da terra, mas oferecemos tudo o que somos. Os exercícios quaresmais da oração, jejum e caridade são justamente esse oferecimento necessário como prática de reconhecer a grandeza de Deus. Ainda que sejamos tentados a desistir, o Espírito Santo nos torna capazes de sempre vencer as tentações.

Nesse sentido, Jesus é conduzido ao deserto por quarenta dias, assim como nós também somos tentados frequentemente, No entanto, ele mostra que é possível vencer nossas paixões desordenadas sempre que estivermos unidos ao Pai. As tentações de Jesus nos ajudam a observar os propósitos quaresmais para uma vida mais fiel à vontade do Pai:

“Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão” (Lc 4,3): nem sempre o excesso de alimento significa saúde, pois, “não só de pão vive o homem”. Contra o pecado da gula, se faz necessário o jejum. Jejuar significa abster-se de tudo o que é excesso em nossa vida. Não é dieta e nem regime, mas é compromisso de sobriedade! É também solidariedade àqueles que fazem “jejum obrigatório” mediante situação de miséria.

“Se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu” (Lc 4,7): corremos o risco de colocar outras coisas, pessoas, bens ou situações no lugar de Deus, e por isso mesmo, recordemos que o primeiro mandamento “adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás”. Contra o pecado da idolatria, a oração é um sustendo diário para nossa desunião com Deus. O nosso modo de falar com Deus em oração reflete diretamente o nosso modo de falar com os outros. Sendo assim, a oração é um instrumento importante para manter nossa relação com Deus e com os irmãos: cristão que não reza, não encontra forças para seguir as adversidades da vida.

“Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo!” (Lc 4,9): o orgulho e a vaidade nos tornam incapazes de amar os irmãos; do contrário, nos julgamos sempre superiores. Contra esse tipo de pecado, a caridade é um exercício constante na vida cristã para que aprendamos colaborar com a justiça: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33).

Isto tudo não é novidade para nós. São Paulo mesmo afirma, na segunda leitura: “A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração” (Rm 10,8). Em outras palavras, a quaresma não nos traz novidades, mas nos recorda o que não deveríamos esquecer: somos pó e ao pó voltaremos, por isso, é necessário que nos convertamos e creiamos no Evangelho. Ainda é tempo favorável para olhar dentro de nós mesmos, compreendendo quantas graças Deus já fez e faz em nossa vida; portanto, correspondamos com gestos de amor, oração, caridade e jejum.

Assim seja. Amém!

 

Luis Gustavo da Silva Joaquim

Seminarista na Diocese de Jaboticabal/SP.

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